(Gustovan - Senhor da vila de Torilyn)
“O
dia amanhecera chuvoso, as folhas balançavam com as finas gotas dágua que se
despediam do céu. Um velho olhava pensativo em direção a sua lareira como se
toda a sua vida passasse naquela chama. Tempos tortuosos se aproximavam... Se a
mudança não começasse em Castela em pouco tempo chegaria em seus portões...
É
quando a voz da sua filha, ainda que doce, desconcentrasse seus pensamentos:
-
Pai... Lamento mas... Terube e Monrad não atenderam a mais um chamado... Acham
que tudo não passa de uma tolice, e começo a pensar que...
As
palavras da jovem são interrompidas por um sinal feito por Gustovan, o único
barulho que se houve é do estalar da madeira em chamas e da chuva do lado externo.
-
Lembro-me de quando eram pequenos Judy... Lembro-me de quando minha única preocupação
era com a lavoura... Naqueles tempos, o simples fato de alguém não sorrir era
motivo para me deixar preocupado... Hépoca soprou o tempo, as coisas mudaram,
vocês cresceram... Os objetos estão repletos de pó e meus cabelos, bem... Meus
cabelos tomaram a cor da lua ao invés da noite... Hoje sou um velho... Um velho
incapaz de ir até as minas de Eismond e descobrir com os próprios olhos o que
está acontecendo... Um velho incapaz de salvar sua esposa... Um velho que já
teve 03 filhos... Logo não terei mais nem forças para falar...
-
Pai... Não se deixe abater... Nem sabemos o que aconteceu com Karlux e
Skeftus... Minha alma sente que estão vivos... Durante anos o senhor vem se
dedicando na proteção de Torilyn, e para ser sincera, é o único que se importa
com o estado de Castela, pois até o imperador virou as costas para nós... Começo
a pensar que até as divindades tem ignorado esse mundo... Só o que me preocupa
é a dimensão e a importância que o senhor vem dando a Eismond... Me preocupo em
perdê-lo... – Judy limpava as lágrimas que deslizavam pelo seu rosto, recompondo-se
novamente – Me preocupo que esse pensamento, assim como o tempo, alimente-se do senhor...
Gustovan
levantava-se andando em direção de Judy, abraçando-a, permanecendo a sua
frente, olhando atentamente em seus olhos.
-
Não se preocupe... Já encontrei pessoas que irão até Eismond para que as
dúvidas não se tornem obsessões... Enquanto esteve fora, tive acesso a muitas
informações uteis, a nomes e lugares que indiretamente se ligam com nossa
preocupação... Com pessoas que também possuem motivos para duvidar...
-
E quem são essas pessoas?!
Nesse
momento um relâmpago seguido de um trovão fazia iluminar todo o ambiente em que
estavam, era quando Gustovan com um breve sorriso, voltava a caminhar em
direção a cadeira:
-
Logo logo saberemos... – falava Gustovan – Não seremos nós que chegaremos até
eles, serão eles que chegarão até a gente...
-
Pai... Você tem certeza do que está dizendo?
-
Agora tenho... Pois antes que eles chegassem, eu tive a visão que você
chegaria...”
(Judy, filha de Gustovan)
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