Os jamnares
finalmente alcançam a ilha de Dulgur, no pântano do passado remoto, buscando a
única forma de abandonarem o local e se aprofundarem no reino distante. Após
terríveis combates o sereia de guerra alcança seu objetivo encalhando na
margem, não existindo outro modo de encontrar a misteriosa criatura se não
caminhando pelo desconhecido.
Antes que
adentrem na ilha porém, o grupo se depara com uma pequena tropa de criaturas
que lembram homens lagartos, liderados por Azérax que ordena o ataque, por
acreditar que os jamnares seriam visões. Após o combate, uma visão perturbadora
mostra que todos os corpos dos inimigos feridos se curavam automaticamente,
demorando pouco tempo para que levantassem e estivessem totalmente recuperados
como se nunca tivessem sido atingidos.
A surpresa
parece também perturbá-los até que compreendessem que diferente das visões que
enfrentam a milhares de anos, os jamnares eram na verdade seres que ingressaram
voluntariamente no Reino Distante. Azeráx revela, que todos que estão ali foram
condenados por crimes cometidos contra as divindades, principalmente aqueles
que tentaram a imortalidade, punidos e forçados a enfrentar seu pior medo
indefinidamente morrendo e renascendo todos os dias, sem que jamais possam
alcançar o descanso eterno.
A existência do
grupo, de sobremaneira, dá uma esperança as almas cansadas daquelas criaturas
que buscam o direito de morrer, permitindo que auxiliem os jamnares no que for
possível para que saiam dali. Porém, ao ser pronunciado o nome Dulgur, todos
ficam atônitos, uma vez que esta criatura em específico é o pior condenado que
se encontra ali, recolhido na prisão eterna que se localiza no centro da ilha.
Após muitas discussões, Azeráx resolve guia-los, prevenindo-os que no caminho
poderão surgir criaturas que fazem parte do seu passado e que nunca foram
vencidas por ele, chamando-os para seguí-lo mesmo acreditando que é uma insanidade
ir de encontro a Dulgur, principalmente porque todos que seguiram em direção a
prisão eterna tiveram um sofrimento e uma pena pior do que a dele.
Caminhando,
agora em direção ao principal objetivo, Azeráx ainda suspira algumas palavras
revelando que Dulgur não é o verdadeiro nome da criatura que o grupo está
buscando, ingressando na misteriosa floresta e em mais um desafio que deverá
ser superado pelos jamnares.
****
Paraíso, lar de
todas as Divindades
A porta do
aposento de Torus era aberta abruptamente. Hépoca, Turik, Kirsha e Volkien
interrompiam o diálogo direcionando seus olhares em direção a ela. Diante deles,
surgia Kélen, a divindade da luz junto com Parlas, Aton e Mytra. 10 poderosos
servos acompanhavam as deidades portando tridentes iluminados com armaduras
feitas de pó de estrela. Hépoca colocava-se a frente sem entender qual o motivo
daquela interrupção incomum.
- O que
significa isso Kélen ?!?! – interrogava Hépoca – Por acaso perdeu a razão ?!?! Vocês
devem fora de si para ingressar nos aposentos de Torus sem que fossem
convocados !!! Com que direito vocês ingressam no salão de Torus com tamanho
desrespeito ?!!!
- Desrespeito
Hépoca são as suas transgressões !!! – Falava Kélen - É inaceitável que durante
tantos anos tenhamos acreditado em suas mentiras !!!
- Sacrilégio
!!!! – interrompia Hépoca – Você me deve respeito Kélen !!!
- Cale-se !!!!
Basta !!!! – gritava Kélen - Não aceitarei que essa farsa continue !!! Quem é
você para falar em leis, quando é a primeira a desobedece-las !!!! Não tente me
esconder, tenho provas irrefutáveis de que Hépoca, a divindade do tempo, está
auxiliando a raça humana interferindo no destino dos 7 selos violando as
palavras de nosso pai !!! Agora finalmente nós encontramos vocês reunidos !!!
Todos traidores assim como Barus !! Não admitirei que esse disparate continue
!!!!! Esse complô tem que acabar !!!
- Muito cuidado
Kélen !!!! – Falava Volkien empunhando sua espada de chamas - Suas palavras não atendem a vontade de nosso
pai !!! Kindara foi a primeira a interferir !!!!! O equilíbrio é a razão de
nossa existência ! Se estava omisso até o momento, não há mais razões para
esconder que é necessário interferir da mesma maneira que Kindara está
interferindo !!!!
- Estão
cometendo um grande erro !! – interrompia Aton – Não nos interessa o que
Kindara está fazendo !!! Ela está aprisionada !!! Se a balança pende para o seu
lado nesse momento, talvez essa seja
exatamente a vontade de Torus !!! A raça humana é que deve enfrentar o seu
destino!!! Não aceitaremos mais que Hépoca seja a porta voz de nosso pai e
exigimos uma audiência imediatamente !!!
- A única
audiência que terão é com meus dois machados se não calarem essas malditas
bocas !!! – falava Turik empunhando suas poderosas armas.
- Você não
entendem !!! – prosseguia Kélen – Nenhuma divindade pode interferir no mundo
dos mortais de forma direta ! E vocês estão interferindo, pior que isso, não
sabemos ao certo se realmente ainda servem a nosso pai. Hépoca, vem Falando por
ele, usando o nome dele, mas finalmente descobrimos que ela nós está
envenenando com suas palavras meticulosas!!! Se Torus realmente estivesse aqui
e se nosso ato for de traição que ele apareça agora pessoalmente e nos puna
!!!! Caso contrário, todos saberão que isso é uma farsa e sua traição é bem
maior do que eu pensava !!! Desde o combate com Kindara ninguém nunca mais o
viu !!!! Será que Hépoca usa o seu nome para fazer o que quer e nós divindades
do panteão estamos servindo a quem não tem competência para tal encargo? Onde
está Torus Hépoca?
O silêncio
preenchia a sala, após alguns segundos, Kélen balançava a cabeça como se
negasse alguma coisa, Mytra levantava seu dedo apontando em direção a Hépoca,
concordando com as palavras de Kélen.
- Prendam-na
!!!! – Levem Hépoca, Turik, Kirhsha e Volkien para a prisão celestial até que
tudo seja esclarecido !!!! A revolta de algumas deidades menores se deve a
vocês !!! A origem desse mal deve ser contida e não permitiremos que ninguém
viole a lei da não intervenção !!!!
- Só podem estar
loucos!!! – gritava Kirsha invocando duas mil adagas que cercavam o seu corpo –
Mais um passo de vocês e não hesitarei em aniquilá-los !!! Nunca imaginei que
meus próprios irmãos tramassem tamanha conspiração !!!
- Acalmem-se !!!
– falava Hepoca em um tom mais Brando – Turik, Kirsha e Volkién, guardem suas
armas isso não será necessário.
As 03 divindades
apesar de hesitantes acatavam o pedido de Hépoca guardando suas armas. A deusa
agora direcionava seus olhos em direção a Kélen, Mytra, Aton e Parlas que
permaneciam fitando seus olhos firmemente.
- Vocês estão
questionando as ordens de nosso pai... Mas não seremos nós que enfrentaremos tamanho
crime. Porém, devo adverti-los que esse impulso é igual ao de Kindara... Cedo
ou tarde a justiça prevalecerá e vocês serão punidos. Antes eu achava que os
mortais queriam nos imitar, mas ocorre o contrário. Nos divindades estamos nos
tornando cada vez mais parecidos com ele. Essa reação de vocês não deixa
dúvidas de que não demorará muito para que um terrível destino caía sobre nós.
Como prova de minha lealdade Mytra, não resistirei a essa ordem insana, pois um
combate agora, destruiria todo o plano celestial e fortaleceria outras forças
que a mente irracional de vocês ainda não conhece. Nós seguiremos até a prisão
celestial até que nosso pai se pronuncie.... Isso não acontecerá agora,
acontecerá quando tiver que acontecer. Eu só espero que se lembre e que tenha
tempo de se arrepender para que percebam o terrível erro que estão cometendo.
- Levem-nos
daqui !!!! – Prosseguia Kélen ordenando os servos de luz que se aproximavam das
outras quatro divindades, Turik não compreendia as intenções de Hépoca, mas
assim como ela e os demais, ele seguia os servos que os conduziria a prisão
celestial. O olhos de Volkien parecia em chamas fitando os olhos de Kélen até que finalmente deixassem o local.
– Precisamos
restabelecer as leis de Torus !!! – falava Atón – Você estava certo Kélen, não tinha
noção que essa conspiração chegasse a esse ponto. Nós temos o direito de
sabermos a verdade.... Torus não é visto desde a batalha com Kindara e a única
que supostamente tinha contato com ele era Hépoca. Se algo aconteceu com nosso
pai nós somos os únicos capazes de descobrir.
- Não imagino
que destino o levou daqui !!!! – respondia Kélen pensativo - Mas se ele não
apareceu para nos impedir é porque estamos do lado certo !!!!, Hépoca, Turik,
Kirsha e outros tem nos enganado por muito tempo, interferindo na batalha dos
humanos contra os 7 selos. Eles por inúmeras vezes violaram as leis de Torus,
criando uma desunião entre nós mesmos, não podemos permitir que isso continue.
- É verdade
irmão ! – concordava Parlas - Barus foi um dos primeiros a violá-la reencarnando
em um corpo mortal e ajudando aqueles que se auto intitulam jamnares !!! Não
podemos aceitar mais um dia de violação e devemos agir o mais rápido possível.
- Não se
preocupe Parlas !!!!! – falava Kélen - Nós Restabeleceremos a ordem e puniremos
todos aqueles que violaram a lei de nosso pai !! Seja lá onde ele estiver
enquanto não nos dirigir a palavra seguiremos sua última recomendação ! Não
interferir e punir todos aqueles que interferirem.
Aton, Parlas e
Mytra olhavam para seu irmão concordando com suas palavras, como se o silêncio
de Torus significasse uma aprovação. A prisão de Volkien, Hepoca, Kirsha e
Turik era a primeira medida para conter a revolta que iniciava entre as
divindades do plano celestial, umas contra a interferência no mundo dos mortais
e outras a favor. Kélen permanecia pensativo olhando para a porta que há pouco
havia entrado ainda mais certo de sua decisão, virando-se em direção ao enorme
colosso de Torus que desaparecia em um céu infinito:
- Precisamos
descobrir onde Hépoca esconde os jamnares!!!!! – prosseguia Kélen - Essa
interferência deve acabar !!!! O destino dos 7 selos deve ser resolvido entre
os mortais sem que os deuses interfiram diretamente. Eu espero contar com vocês e seus consortes
nessa busca. Eles devem voltar para o plano mortal !!
- Eu
descobrirei... – falava Parlas – Assim que souber cuidarei das providências.
- Obrigado irmãos
!!! Conto a ajuda de vocês !!!!
- Nunca é demais
cumprir as ordens de nosso pai !! – falava Aton – Me incumbirei de ordenar a
prisão de outras divindades traidoras !!! Cuidarei para que esse motim acabe
!!! Todos que apoiam essa interferência devem ser conduzidos à prisão celestial
e grande parte dessas deidades já foram identificadas, peço licença a vocês.
- E o que
faremos em relação a Barus? – perguntava Mytra – Parece que foi único que
reencarnou mesmo sabendo das consequências. Todos temos ciência que quando uma
divindade viola tal lei ela abdica de seu posto divino tornando-se mortal com
todos os riscos inerentes a essa fraqueza. Se Gustovan for morto no plano
material.... A existência de Barus será apagada do Panteão. Assim, você acha
que devemos fazer algo a respeito Kélen?
- Não se
preocupe Mytra, assim que os assuntos mais urgentes forem sanados, não
precisaremos nos preocupar com ele. Acredito que Extórax Réx fará isso por nós.
- Que seja...
Em outro local,
Hépoca e as demais divindades se aproximavam da prisão celestial. Turik olhava
para a divindade em um tom de ironia, como se risse de alguma coisa.
- É um jogo
perigoso Hépoca.... Espero que saiba o que está fazendo.
- Eu sempre sei
Turik... Eu sempre sei...
***
Vocês alcançam
um trecho da floresta obscuro e repleto de corpos em pedaços. Azeráx observa de
forma atônita aquela cena grotesca, olhando atentamente para muitos deles.
- São muitos dos
meus irmãos que vieram nessa direção e não retornaram. Mas não se iludam. Suas
almas tiveram um destino pior.
Azeráx não tem
muito tempo para prosseguir com suas palavras. 06 criaturas emergem levantando
os cadáveres próximos que tem sua carne rasgada por um terrível monstro
arremessando-os em meio às árvores. O sangue coagulado escorre pela enorme
estrutura encurvada e construída de pedra e metal. Seus longos e pesados braços
metálico quase se arrastam no chão devido a seus ombros inclinados que
flanqueiam uma cabeça com feições planas. Cravos de variados tamanhos—todos
cobertos de sangue seco—crescem das placas de metal em suas costas. Alguns
poucos corpos permanecem empalados nos cravos, com suas bocas abertas em gritos
silenciosos.
- É um coletor
de cadáveres !!!! Ele nos caçará até que possamos vencê-los !!!
***
- Sinto uma
terrível sensação e acho que jamais passaremos daqui... – falava Azeráx – Humpf
!!! Acho que finalmente nós encontraremos aquele que aprisiona as almas mortas
! São servos do desconhecido que punem aqueles que buscam alcançar a prisão
eterna.
Antes que
termine, dos lados opostos da floresta, surgem dois gigantes magros, que
parecem pesadamente armadurados com orelhas pontudas e pele cinzenta escura.
Suas mãos terminam em garras longas amareladas, e seus rosnados revelam presas
afiadas. Ele está cercado por uma névoa de vapor giratória, e observando bem, a
nuvem se forma em faces atormentadas que gritam em terror e desespero.
- Por todas as
divindades !!!! – Falava Azeráx - Essas terríveis criaturas são aprisionadoras
de almas !!! Espero que a arte de vocês seja capaz de superar esse desafio.
Após uma longa
caminhada de 16 horas, vocês se deparam com uma área completamente diferente de
tudo viram até ali. No local, não há mais floresta e nenhum sinal de vida. No
centro, uma enorme torre negra desaparece em uma nuvem espessa de relâmpagos.
Azeráx permanece atônito como se não acreditasse ter chegado até ali.
- É a prisão
eterna... Não posso imaginar o que os aguarda... Porém não posso prosseguir. Esse
é o meu limite. Qualquer um que morra aqui terá sua alma aprisionada para
sempre e não posso abandonar meu exército. Se der mais um passo, terei o mesmo destino
daqueles que fugiram para cá. Certamente minha alma seria desfigurada
tornando-me mais um prisioneiro e escravo eternos do senhor desta torre. Vocês
estão imunes desse efeito e espero sinceramente que consigam alcançar esse
insano objetivo.
****
- Nosso povo já
foi grande e próspero, mas infelizmente o desejo de imortalidade de nosso rei
nos condenou a viver para sempre nesse mundo. Porém, vocês nos deram uma nova
esperança. Esse cordão – falava Azeráx arrancado-o do pescoço – é um precioso
símbolo que já faz parte do nosso legado. Eu não acreditava nisso, mas quando
resolvi usá-lo vocês apareceram. No momento, acredito que vocês é que precisam
dele. Boa Sorte senhores !
****
Caríades, capital do Império.
Seeker, Émira, Sargas, Hônus e o misterioso membro
estavam diante de Melchior, que permanecia pensativo. Muitas coisas haviam
acontecido e desvirtuado seu plano inicial, porém algo precisava ser feito. O
silêncio não demorava. A voz do poderoso mago preenchia a suntosa sala do
castelo real chamando a atenção dos membros de elite:
- O que me intriga nisso tudo é o desaparecimento
inexplicável dos jamnares. Para mim, foi uma surpresa maior do que a energia
mágica que envolveu Torilyn, a emersão dos turianorianos na superfície e até
mesmo a investida de Aurin e os demais em busca de Arya. Nada me incomoda mais
do que a imprevisibilidade.
- Não discordo meu senhor... – Falava Seeker – Porém,
temos que fazer algo, acredito que impedir Aurin e os outros de encontrem Arya
também seja uma prioridade. Com sua ordem partiremos para o Iranistão
imediatamente para aniquilá-los e em seguida nos encontramos com Arya para que
possamos prosseguir com nosso plano.
- Como eu disse Seeker... Os jamnares é que são minha
preocupação. De nada servirá essa interferência se algo imprevisível
acontecer...
- Com todo respeito meu senhor... – falava Émira – Mas
não acredito que os jamnares sejam capazes de derrotar Extoráx Réx. Ainda que
possam atingí-lo isso não vai acontecer. A última vez que os vi nas ruínas da
destruição eles quase sucumbiram diante de Dabókia. O prazo de Extórax Réx vai
acabar e logo logo ele destruirá Torilyn por completo. Nesse momento o que vai
interessar a ele é termos o coração do dragão dourado e nada mais.
- Jamais subestimem ninguém seus tolos !!! – gritava
Melchior – Enfim, tenho uma idéia melhor. Já que não podemos localizá-los vamos
atingí-los de outra forma. Deixem que as coisas sigam a ordem natural pois isso
não nos atrapalhará. Se não podemos ir até os jamnares sei como fazer que
venham até nós.
- E o que fará meu senhor? – Indagava o misterioso
membro.
- Primeiro, vamos para Turan. Nós aniquilaremos todos
os turianos que existem e destruiremos aquela maldita mina que eles chamam de
casa ! Talvez isso mostre para Toril e Khalidaf de que jamais deveriam ter se
colocado em nosso caminho. Se eles querem tanto ajudar os humanos, vamos ver se
são capazes de salvar sua prória raça.
- Destruir os turianos? – indagava Émira
- Sim !! – confirmava Melchior levantando-se – Eu sei
que faz muito tempo, porém é chegado o momento de Satrus sentir novamente a
minha magia. Nada melhor do que usá-la aniquilando uma raça inteira !!
Todos permaneciam olhando atônitos para Melchior como
se não acreditassem naquela decisão, porém o poderoso mago parecia decidido.
- Vamos !!! – falava Melchior – Só dormiremos quando Turan
deixar de ser uma mina e virar um lago de sangue. Hoje, senhores, hojé é dia em
que o mundo dos mortos conhecerá o poder de Melchior !!
(Melchior - O Sumo mago do sangue)