sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

AVENTURA 3: MANDÍBULAS DE FOGO - JAMNARES - CAPÍTULO 06: A ÚLTIMA ESPERANÇA - PARTE 05: A ILHA SOLITÁRIA - ALCANÇANDO A PRISÃO ETERNA


 Os jamnares finalmente alcançam a ilha de Dulgur, no pântano do passado remoto, buscando a única forma de abandonarem o local e se aprofundarem no reino distante. Após terríveis combates o sereia de guerra alcança seu objetivo encalhando na margem, não existindo outro modo de encontrar a misteriosa criatura se não caminhando pelo desconhecido.

Antes que adentrem na ilha porém, o grupo se depara com uma pequena tropa de criaturas que lembram homens lagartos, liderados por Azérax que ordena o ataque, por acreditar que os jamnares seriam visões. Após o combate, uma visão perturbadora mostra que todos os corpos dos inimigos feridos se curavam automaticamente, demorando pouco tempo para que levantassem e estivessem totalmente recuperados como se nunca tivessem sido atingidos.

A surpresa parece também perturbá-los até que compreendessem que diferente das visões que enfrentam a milhares de anos, os jamnares eram na verdade seres que ingressaram voluntariamente no Reino Distante. Azeráx revela, que todos que estão ali foram condenados por crimes cometidos contra as divindades, principalmente aqueles que tentaram a imortalidade, punidos e forçados a enfrentar seu pior medo indefinidamente morrendo e renascendo todos os dias, sem que jamais possam alcançar o descanso eterno.

A existência do grupo, de sobremaneira, dá uma esperança as almas cansadas daquelas criaturas que buscam o direito de morrer, permitindo que auxiliem os jamnares no que for possível para que saiam dali. Porém, ao ser pronunciado o nome Dulgur, todos ficam atônitos, uma vez que esta criatura em específico é o pior condenado que se encontra ali, recolhido na prisão eterna que se localiza no centro da ilha. Após muitas discussões, Azeráx resolve guia-los, prevenindo-os que no caminho poderão surgir criaturas que fazem parte do seu passado e que nunca foram vencidas por ele, chamando-os para seguí-lo mesmo acreditando que é uma insanidade ir de encontro a Dulgur, principalmente porque todos que seguiram em direção a prisão eterna tiveram um sofrimento e uma pena pior do que a dele.

Caminhando, agora em direção ao principal objetivo, Azeráx ainda suspira algumas palavras revelando que Dulgur não é o verdadeiro nome da criatura que o grupo está buscando, ingressando na misteriosa floresta e em mais um desafio que deverá ser superado pelos jamnares.

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Paraíso, lar de todas as Divindades

A porta do aposento de Torus era aberta abruptamente. Hépoca, Turik, Kirsha e Volkien interrompiam o diálogo direcionando seus olhares em direção a ela. Diante deles, surgia Kélen, a divindade da luz junto com Parlas, Aton e Mytra. 10 poderosos servos acompanhavam as deidades portando tridentes iluminados com armaduras feitas de pó de estrela. Hépoca colocava-se a frente sem entender qual o motivo daquela interrupção incomum.

- O que significa isso Kélen ?!?! – interrogava Hépoca – Por acaso perdeu a razão ?!?! Vocês devem fora de si para ingressar nos aposentos de Torus sem que fossem convocados !!! Com que direito vocês ingressam no salão de Torus com tamanho desrespeito ?!!!

- Desrespeito Hépoca são as suas transgressões !!! – Falava Kélen - É inaceitável que durante tantos anos tenhamos acreditado em suas mentiras !!!

- Sacrilégio !!!! – interrompia Hépoca – Você me deve respeito Kélen !!!

- Cale-se !!!! Basta !!!! – gritava Kélen - Não aceitarei que essa farsa continue !!! Quem é você para falar em leis, quando é a primeira a desobedece-las !!!! Não tente me esconder, tenho provas irrefutáveis de que Hépoca, a divindade do tempo, está auxiliando a raça humana interferindo no destino dos 7 selos violando as palavras de nosso pai !!! Agora finalmente nós encontramos vocês reunidos !!! Todos traidores assim como Barus !! Não admitirei que esse disparate continue !!!!! Esse complô tem que acabar !!!

- Muito cuidado Kélen !!!! – Falava Volkien empunhando sua espada de chamas -  Suas palavras não atendem a vontade de nosso pai !!! Kindara foi a primeira a interferir !!!!! O equilíbrio é a razão de nossa existência ! Se estava omisso até o momento, não há mais razões para esconder que é necessário interferir da mesma maneira que Kindara está interferindo !!!!

- Estão cometendo um grande erro !! – interrompia Aton – Não nos interessa o que Kindara está fazendo !!! Ela está aprisionada !!! Se a balança pende para o seu lado nesse momento, talvez  essa seja exatamente a vontade de Torus !!! A raça humana é que deve enfrentar o seu destino!!! Não aceitaremos mais que Hépoca seja a porta voz de nosso pai e exigimos uma audiência imediatamente !!!

- A única audiência que terão é com meus dois machados se não calarem essas malditas bocas !!! – falava Turik empunhando suas poderosas armas.

- Você não entendem !!! – prosseguia Kélen – Nenhuma divindade pode interferir no mundo dos mortais de forma direta ! E vocês estão interferindo, pior que isso, não sabemos ao certo se realmente ainda servem a nosso pai. Hépoca, vem Falando por ele, usando o nome dele, mas finalmente descobrimos que ela nós está envenenando com suas palavras meticulosas!!! Se Torus realmente estivesse aqui e se nosso ato for de traição que ele apareça agora pessoalmente e nos puna !!!! Caso contrário, todos saberão que isso é uma farsa e sua traição é bem maior do que eu pensava !!! Desde o combate com Kindara ninguém nunca mais o viu !!!! Será que Hépoca usa o seu nome para fazer o que quer e nós divindades do panteão estamos servindo a quem não tem competência para tal encargo? Onde está Torus Hépoca?

O silêncio preenchia a sala, após alguns segundos, Kélen balançava a cabeça como se negasse alguma coisa, Mytra levantava seu dedo apontando em direção a Hépoca, concordando com as palavras de Kélen.

- Prendam-na !!!! – Levem Hépoca, Turik, Kirhsha e Volkien para a prisão celestial até que tudo seja esclarecido !!!! A revolta de algumas deidades menores se deve a vocês !!! A origem desse mal deve ser contida e não permitiremos que ninguém viole a lei da não intervenção !!!!

- Só podem estar loucos!!! – gritava Kirsha invocando duas mil adagas que cercavam o seu corpo – Mais um passo de vocês e não hesitarei em aniquilá-los !!! Nunca imaginei que meus próprios irmãos tramassem tamanha conspiração !!!
- Acalmem-se !!! – falava Hepoca em um tom mais Brando – Turik, Kirsha e Volkién, guardem suas armas isso não será necessário.

As 03 divindades apesar de hesitantes acatavam o pedido de Hépoca guardando suas armas. A deusa agora direcionava seus olhos em direção a Kélen, Mytra, Aton e Parlas que permaneciam fitando seus olhos firmemente.

- Vocês estão questionando as ordens de nosso pai... Mas não seremos nós que enfrentaremos tamanho crime. Porém, devo adverti-los que esse impulso é igual ao de Kindara... Cedo ou tarde a justiça prevalecerá e vocês serão punidos. Antes eu achava que os mortais queriam nos imitar, mas ocorre o contrário. Nos divindades estamos nos tornando cada vez mais parecidos com ele. Essa reação de vocês não deixa dúvidas de que não demorará muito para que um terrível destino caía sobre nós. Como prova de minha lealdade Mytra, não resistirei a essa ordem insana, pois um combate agora, destruiria todo o plano celestial e fortaleceria outras forças que a mente irracional de vocês ainda não conhece. Nós seguiremos até a prisão celestial até que nosso pai se pronuncie.... Isso não acontecerá agora, acontecerá quando tiver que acontecer. Eu só espero que se lembre e que tenha tempo de se arrepender para que percebam o terrível erro que estão cometendo.

- Levem-nos daqui !!!! – Prosseguia Kélen ordenando os servos de luz que se aproximavam das outras quatro divindades, Turik não compreendia as intenções de Hépoca, mas assim como ela e os demais, ele seguia os servos que os conduziria a prisão celestial. O olhos de Volkien parecia em chamas fitando os olhos de Kélen  até que finalmente deixassem o local.

– Precisamos restabelecer as leis de Torus !!! – falava Atón – Você estava certo Kélen, não tinha noção que essa conspiração chegasse a esse ponto. Nós temos o direito de sabermos a verdade.... Torus não é visto desde a batalha com Kindara e a única que supostamente tinha contato com ele era Hépoca. Se algo aconteceu com nosso pai nós somos os únicos capazes de descobrir.

- Não imagino que destino o levou daqui !!!! – respondia Kélen pensativo - Mas se ele não apareceu para nos impedir é porque estamos do lado certo !!!!, Hépoca, Turik, Kirsha e outros tem nos enganado por muito tempo, interferindo na batalha dos humanos contra os 7 selos. Eles por inúmeras vezes violaram as leis de Torus, criando uma desunião entre nós mesmos, não podemos permitir que isso continue.

- É verdade irmão ! – concordava Parlas - Barus foi um dos primeiros a violá-la reencarnando em um corpo mortal e ajudando aqueles que se auto intitulam jamnares !!! Não podemos aceitar mais um dia de violação e devemos agir o mais rápido possível.

- Não se preocupe Parlas !!!!! – falava Kélen - Nós Restabeleceremos a ordem e puniremos todos aqueles que violaram a lei de nosso pai !! Seja lá onde ele estiver enquanto não nos dirigir a palavra seguiremos sua última recomendação ! Não interferir e punir todos aqueles que interferirem.

Aton, Parlas e Mytra olhavam para seu irmão concordando com suas palavras, como se o silêncio de Torus significasse uma aprovação. A prisão de Volkien, Hepoca, Kirsha e Turik era a primeira medida para conter a revolta que iniciava entre as divindades do plano celestial, umas contra a interferência no mundo dos mortais e outras a favor. Kélen permanecia pensativo olhando para a porta que há pouco havia entrado ainda mais certo de sua decisão, virando-se em direção ao enorme colosso de Torus que desaparecia em um céu infinito:

- Precisamos descobrir onde Hépoca esconde os jamnares!!!!! – prosseguia Kélen - Essa interferência deve acabar !!!! O destino dos 7 selos deve ser resolvido entre os mortais sem que os deuses interfiram diretamente.  Eu espero contar com vocês e seus consortes nessa busca. Eles devem voltar para o plano mortal !!

- Eu descobrirei... – falava Parlas – Assim que souber cuidarei das providências.

- Obrigado irmãos !!! Conto a ajuda de vocês !!!!

- Nunca é demais cumprir as ordens de nosso pai !! – falava Aton – Me incumbirei de ordenar a prisão de outras divindades traidoras !!! Cuidarei para que esse motim acabe !!! Todos que apoiam essa interferência devem ser conduzidos à prisão celestial e grande parte dessas deidades já foram identificadas, peço licença a vocês.

- E o que faremos em relação a Barus? – perguntava Mytra – Parece que foi único que reencarnou mesmo sabendo das consequências. Todos temos ciência que quando uma divindade viola tal lei ela abdica de seu posto divino tornando-se mortal com todos os riscos inerentes a essa fraqueza. Se Gustovan for morto no plano material.... A existência de Barus será apagada do Panteão. Assim, você acha que devemos fazer algo a respeito Kélen?

- Não se preocupe Mytra, assim que os assuntos mais urgentes forem sanados, não precisaremos nos preocupar com ele. Acredito que Extórax Réx fará isso por nós.

- Que seja...

Em outro local, Hépoca e as demais divindades se aproximavam da prisão celestial. Turik olhava para a divindade em um tom de ironia, como se risse de alguma coisa.

- É um jogo perigoso Hépoca.... Espero que saiba o que está fazendo.

- Eu sempre sei Turik... Eu sempre sei...

***

Vocês alcançam um trecho da floresta obscuro e repleto de corpos em pedaços. Azeráx observa de forma atônita aquela cena grotesca, olhando atentamente para muitos deles.

- São muitos dos meus irmãos que vieram nessa direção e não retornaram. Mas não se iludam. Suas almas tiveram um destino pior.

Azeráx não tem muito tempo para prosseguir com suas palavras. 06 criaturas emergem levantando os cadáveres próximos que tem sua carne rasgada por um terrível monstro arremessando-os em meio às árvores. O sangue coagulado escorre pela enorme estrutura encurvada e construída de pedra e metal. Seus longos e pesados braços metálico quase se arrastam no chão devido a seus ombros inclinados que flanqueiam uma cabeça com feições planas. Cravos de variados tamanhos—todos cobertos de sangue seco—crescem das placas de metal em suas costas. Alguns poucos corpos permanecem empalados nos cravos, com suas bocas abertas em gritos silenciosos.

- É um coletor de cadáveres !!!! Ele nos caçará até que possamos vencê-los !!!

***

- Sinto uma terrível sensação e acho que jamais passaremos daqui... – falava Azeráx – Humpf !!! Acho que finalmente nós encontraremos aquele que aprisiona as almas mortas ! São servos do desconhecido que punem aqueles que buscam alcançar a prisão eterna.

Antes que termine, dos lados opostos da floresta, surgem dois gigantes magros, que parecem pesadamente armadurados com orelhas pontudas e pele cinzenta escura. Suas mãos terminam em garras longas amareladas, e seus rosnados revelam presas afiadas. Ele está cercado por uma névoa de vapor giratória, e observando bem, a nuvem se forma em faces atormentadas que gritam em terror e desespero.

- Por todas as divindades !!!! – Falava Azeráx - Essas terríveis criaturas são aprisionadoras de almas !!! Espero que a arte de vocês seja capaz de superar esse desafio.


Após uma longa caminhada de 16 horas, vocês se deparam com uma área completamente diferente de tudo viram até ali. No local, não há mais floresta e nenhum sinal de vida. No centro, uma enorme torre negra desaparece em uma nuvem espessa de relâmpagos. Azeráx permanece atônito como se não acreditasse ter chegado até ali.

- É a prisão eterna... Não posso imaginar o que os aguarda... Porém não posso prosseguir. Esse é o meu limite. Qualquer um que morra aqui terá sua alma aprisionada para sempre e não posso abandonar meu exército. Se der mais um passo, terei o mesmo destino daqueles que fugiram para cá. Certamente minha alma seria desfigurada tornando-me mais um prisioneiro e escravo eternos do senhor desta torre. Vocês estão imunes desse efeito e espero sinceramente que consigam alcançar esse insano objetivo.

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- Nosso povo já foi grande e próspero, mas infelizmente o desejo de imortalidade de nosso rei nos condenou a viver para sempre nesse mundo. Porém, vocês nos deram uma nova esperança. Esse cordão – falava Azeráx arrancado-o do pescoço – é um precioso símbolo que já faz parte do nosso legado. Eu não acreditava nisso, mas quando resolvi usá-lo vocês apareceram. No momento, acredito que vocês é que precisam dele. Boa Sorte senhores ! 

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Caríades, capital do Império.

Seeker, Émira, Sargas, Hônus e o misterioso membro estavam diante de Melchior, que permanecia pensativo. Muitas coisas haviam acontecido e desvirtuado seu plano inicial, porém algo precisava ser feito. O silêncio não demorava. A voz do poderoso mago preenchia a suntosa sala do castelo real chamando a atenção dos membros de elite:

- O que me intriga nisso tudo é o desaparecimento inexplicável dos jamnares. Para mim, foi uma surpresa maior do que a energia mágica que envolveu Torilyn, a emersão dos turianorianos na superfície e até mesmo a investida de Aurin e os demais em busca de Arya. Nada me incomoda mais do que a imprevisibilidade.

- Não discordo meu senhor... – Falava Seeker – Porém, temos que fazer algo, acredito que impedir Aurin e os outros de encontrem Arya também seja uma prioridade. Com sua ordem partiremos para o Iranistão imediatamente para aniquilá-los e em seguida nos encontramos com Arya para que possamos prosseguir com nosso plano.

- Como eu disse Seeker... Os jamnares é que são minha preocupação. De nada servirá essa interferência se algo imprevisível acontecer...

- Com todo respeito meu senhor... – falava Émira – Mas não acredito que os jamnares sejam capazes de derrotar Extoráx Réx. Ainda que possam atingí-lo isso não vai acontecer. A última vez que os vi nas ruínas da destruição eles quase sucumbiram diante de Dabókia. O prazo de Extórax Réx vai acabar e logo logo ele destruirá Torilyn por completo. Nesse momento o que vai interessar a ele é termos o coração do dragão dourado e nada mais.

- Jamais subestimem ninguém seus tolos !!! – gritava Melchior – Enfim, tenho uma idéia melhor. Já que não podemos localizá-los vamos atingí-los de outra forma. Deixem que as coisas sigam a ordem natural pois isso não nos atrapalhará. Se não podemos ir até os jamnares sei como fazer que venham até nós.

- E o que fará meu senhor? – Indagava o misterioso membro.

- Primeiro, vamos para Turan. Nós aniquilaremos todos os turianos que existem e destruiremos aquela maldita mina que eles chamam de casa ! Talvez isso mostre para Toril e Khalidaf de que jamais deveriam ter se colocado em nosso caminho. Se eles querem tanto ajudar os humanos, vamos ver se são capazes de salvar sua prória raça.

- Destruir os turianos? – indagava Émira

- Sim !! – confirmava Melchior levantando-se – Eu sei que faz muito tempo, porém é chegado o momento de Satrus sentir novamente a minha magia. Nada melhor do que usá-la aniquilando uma raça inteira !!

Todos permaneciam olhando atônitos para Melchior como se não acreditassem naquela decisão, porém o poderoso mago parecia decidido.

- Vamos !!! – falava Melchior – Só dormiremos quando Turan deixar de ser uma mina e virar um lago de sangue. Hoje, senhores, hojé é dia em que o mundo dos mortos conhecerá o poder de Melchior !!

(Melchior - O Sumo mago do sangue)